terça-feira, 27 de março de 2012

Olá e desculpa a demora!

Olá. Eu sou a Maru e estou atrasada. Lamento que os meus escritos sejam introduzidos com um pedidozinho de desculpa bem disfarçado, mas, notem, começar a escrever sem lhe fazer referência seria grosseiro, hem? Sim, de facto, seria.
Estando, então, o pedido de desculpa bem supracitado, vamos falar sobre pedir desculpa! Bem, eu peço desculpa demasiadas vezes, até peço desculpa por pedir desculpa. Na verdade, podemos utilizar sempre o pedido de desculpa como uma desculpa inteligente para passarmos despercebidos pelo verdadeiro grau de seriedade do que fizemos. Mas nós somos assim. Humanos, não é? E estes humanos caprichosos nunca pedem desculpa por errar, mas sim para tapar os buracos das suas acções incorrectas.

domingo, 4 de março de 2012

Há conversas e conversas

Nunca vos aconteceu entrarem no autocarro e estar aquela senhora a comentar com mais duas e o motorista o quanto este mundo está maluco? Ou o quanto a crise as afecta? Ou há quanto tempo não há um Inverno como antigamente?
A mim, acontece-me 90% das vezes em que entro no autocarro, de manhãzinha, para ir para a escola. Não consigo evitar um sorriso. "Sabe como é, Sr. *nome do motorista*, isto anda tudo um horror. Um horror. Onde é que já se viu este tempo em Fevereiro? No meu tempo, chovia sempre, estava um frio desgraçado, e nós no campo, a trabalhar no duro, enquanto os homens iam lá fazer o seu trabalhinho. Os miúdos iam para a escola, coitadinhos, cheios de frio; mas havia respeito, sabe? Hoje em dia, é tudo uma pouca vergonha. E tanta gente se queixa, com tudo o que há. Antigamente, não havia nada do que há hoje e nunca me queixei. E era tudo muito mais difícil." Depois, lá responde a outra senhora, nostálgica. "Lembra-se daquelas desfolhadas que se faziam antigamente? Eram um espectáculo. Dançava-se, cantava-se, não se ouvia falar em crise e era-se feliz!" O motorista lá vai respondendo que sim, que está tudo muito mudado, e eu a sorrir, no meu lugarzinho, quietinha, com uns apontamentos de Filosofia ou outra coisa qualquer na mão, à espera que chegue a minha vez de sair.
Contudo, as melhores conversas são mais assim: "O meu marido já nem recebe a horas. Anda tudo à rasca, sabe? Tenho filhos a estudar, compras a fazer, isto assim não dá. Já não é o que era. Tudo a falir, tudo a falir. Onde é que já se viu? E depois os filhos não compreendem. Tenho muita sorte, que os meus até fazem um esforço para ajudar... E estudam que se fartam. O meu mais velho anda a estudar para doutor." E responde outra pessoa: "Pois é, pois é. O seu filho mais velho está tão grande! Quando o conheci, era cinco tostões de gente, e agora está um homem feito! Ainda não arranjou rapariga?"
Bem, a verdade é que faz parte da rotina. Entrar no autocarro e estarem não sei quantas pessoas nos bancos da frente, a comentar a vida, o tempo, a crise e as poucas vergonhas da juventude moderna. Faz-me um bocado de confusão, mas acho que é do convívio que se vai vivendo. Talvez sejam só desabafos de alguém que se preocupa diariamente com as tarefas e tem de desanuviar de alguma forma... Quanto a mim, acho que vou permanecer sossegadinha, ouvindo aquelas historietas do quotidiano, sorrindo vezes sem conta, estudando uma última vez antes de entrar na sala de aula. Se calhar, também a estudar para doutora. Caladinha, sem revelar nada a ninguém. Sem que ninguém saiba. Enquanto todo o autocarro vai reflectindo acerca do que realmente importa: se o mundo está maluco, se a crise cada vez se agrava mais e se as despesas continuam a aumentar ou então se o que realmente faz diferença é o modo como encaramos e enfrentamos tudo.

;D